Grito muito, quando estou exausta e não me consigo fazer obedecer. Às vezes dou palmadas, ponho-os poucas vezes de castigo. Seguro-lhes as bochechas, olho-os nos olhos, falo devagar e de forma suave, quando quero muito que entendam alguma coisa. Sou exigente. Espero respeito, obediência, entreajuda, partilha e amor. Peço-lhes desculpa quando ajo de forma errada e isso os afecta. Às vezes irritam-me, mas amo-os sempre, mesmo quando já não os posso ver nem ouvir.
[são como esponjas, a tentar absorver tudo à sua volta e querem sempre a minha opinião, que veja, que comente, que faça, que...
querem sempre mais. e eu às vezes sou tão bruxa que tenho a ousadia de pensar primeiro em mim, e em como me apetece estar aqui ao computador, ou a ver o meu programa de televisão, ou a ouvir uma música de olhos fechados.]
Beijo-os, toco-lhes, aperto-os, cheiro-os e abraço-os sempre que os sinto por perto, como se tivesse um íman que os atrái para perto de mim.
Tento ser sempre melhor, por eles e para eles. Nem sempre consigo superar as minhas dificuldades e defeitos. Uma coisa sei. Que sabem que os amo. Só desejo que o sintam sempre, mesmo nos dias mais sombrios. Naqueles em que me vão detestar e questionar. Naqueles em que o meu discernimento estiver diminuido pelas minhas opiniões e formas de ver as coisas. Uma mãe não é perfeita. E só o percebo agora. Agora que saí de mim, através destes dois seres que põem à prova tudo o que aprendi, tudo o que sou.
Mas quero tanto ser um dia a mãe forte, carinhosa mas firme, conselheira, companheira de gargalhadas e ombro amigo, que eles irão recordar com amor.
Sinto que o caminho ainda agora começou e já cresci tanto...
Ser mãe sempre foi algo inquestionável para mim.
Eu era daquelas que sonhava com o vestido branco de cinderela e com o príncipe encantado, mas também era a rebelde que fugiria por amor, a contestatária que assumiria sempre uma gravidez fora do casamento. Os filhos eram uma bandeira.
Perdi a noção romântica que tinha disto tudo.
Ganhei a certeza que isto é tão simples como esta máxima: sangue, suor e lágrimas.
Sangue: sofrimento, crescimento, calor, laços, compromissos
Suor: esforço, dificuldades, cedências, cansaço, empenho
Lágrimas: de alegria, de tristeza, de nervosismo, de felicidade, de surpresa, de dever cumprido
Desde que nascem até ... para sempre....