Não há Ben U Ron que nos valha, mas diz que sobrevivemos

27 de agosto de 2018

Quando é que nos tornamos nas pessoas de quem eles se querem afastar?
Quando é que tudo o que está lá fora passa a ser muito mais apelativo do que tudo o que têm em casa?
Quando é que os pais dos outros são sempre melhores do que nós?
Quando é que passam a ter vergonha do que dizemos ou das nossas brincadeiras?
Quando é que estar fora é sempre melhor que ficar?
Eu nunca achei que fosse ser a mãe que se deixaria ferir pelas ferroadas dos filhos adolescentes. Às vezes são palavras, às vezes apenas gestos...talvez até só um certo olhar, num determinada situação.
Mas a verdade é que a vida às vezes nos ensina que nem sempre o que pensávamos que seríamos, somos. 
Não é nenhum drama. Acho. Nem vou fazer um. Mas dói de fininho. 
Uma dor agridoce. 
Se por um lado nos enche de alegria perceber que não são só nossos. Que outros entram no seu mundo e se tornam importantes nele. Que são queridos e desejados fora das nossas fronteiras. 
Por outro, rói cá dentro um aperto que nos diz que isto é o começo do abrir de asas, tão ansiado quanto temido.
É esta a dualidade de se pôr filhos no mundo. 
Dizem que temos 18 preciosos verões com eles. Com sorte, alguns mais.
Mas esta viagem, entre sermos casa e sermos só porto seguro, onde regressarão muitas vezes e partir outras tantas, custa.

Semana 34/52 - 2018

27 de agosto de 2018

Foi a semana do regresso ao trabalho.
O Verão ainda não terminou, mas eu sinto que já comecei a "fazer o ninho" para a estação seguinte.
Este fim-de-semana desmanchei uma abóbora enorme que tinha lá em casa desde Outubro do ano passado. Não fez 1 ano, mas esteve perto. Pensava mesmo que já estaria estragada mas, incrivelmente, não. Fiz doce e puré para guardar.
Ainda fomos à praia no fim do dia de quinta-feira. A água estava ótima, apesar de eu só ter molhado os pés.
Também fomos visitar o tio Zé e a tia Teresa. O tio já está em casa a convalescer, depois de uns dias de "férias" forçadas, no hospital. Esperamos que a recuperação seja total e que ele mantenha o espírito positivo, mesmo que venham dias mais chatos pela frente.
Adorámos rever o cão Simão, que continua igual a si próprio, irreverente, curioso, meigo, irrequieto. Desta vez a Diana já não teve medo e ficaram amigos.

- nunca dizes nada de bom sobre mim!

21 de agosto de 2018

Ouvir a minha filha proferir estas palavras foi assim como um soco no estômago.
Já tinha reparado que ela precisa de constante aprovação e validação. E porquê que cheguei a essa conclusão? 
Porque é exatamente isso que ela faz comigo.
Não há dia que ela não me diga que sou linda, e fofinha, e querida, a melhor mãe do mundo e sei lá mais o quê. E não estou a exagerar. Todos os dias. Não falha. 
Ora eu que, honestamente, estou mais para brutamontes do que para menina de coro, disse-lhe que quando repetimos muitas vezes as mesmas coisas elas deixam de ter tanta importância porque perdem a sua singularidade. Deixam de ser especiais.
Na altura pareceu-me acertado dizer-lhe isto, mas hoje, analisando as coisas à luz desta frase que ela expressou, talvez este excesso dela nasça de uma falta minha. 
Ora, já que na vida real não dá para rebobinar a fita, vou tentar daqui para a frente fazer algo acerca desta minha lacuna e demonstrar mais o meu afeto por palavras, incentivar mais, realçar o bom mais vezes.
No fundo, não o faço (ou não faço) conscientemente.
Lembro-me de me queixar do mesmo ao meu pai. Já mais velha. E agora repete-se. Ao contrário.
Fico feliz por ela ter falado. Comunicar é tão importante. Para quem fala e para quem ouve. Sem isso não é possível mudar, porque achamos que está tudo bem.
Todos temos necessidades diferentes. E é bom que estas sejam mitigadas no lugar onde primeiro nos afirmamos como gente. Em casa.
Assumimos que os nossos filhos sabem que os amamos. Mas talvez seja bom, todos os dias, procurarmos ter a certeza de que eles saibam mesmo que sim. 

Semana 32 e 33/52 - 2018

21 de agosto de 2018

Ontem era para ter vindo escrever, mas a segunda-feira que precede as férias é sempre tão difícil que não fui capaz de vir aqui articular nada.
As férias começaram com uma brutal onda de calor. Quem me conhece, sabe que sofro com estas temperaturas. Uma noite, estava tão impossível de estar em casa (nada de AC) que à uma da manhã agarramos nos miúdos e fomos dormir para a praia.
O fresquinho da maresia, a areia nos pés, o som do mar ao longe no seu vaivém hipnótico garantiram-nos uma boa noite de sono, que de outra forma teria sido um tormento.
Vimos nascer o sol e demos um mergulho logo pela manhã. Acho que vai ficar na memória. São estas pequenas loucuras em família que fazem a vida valer a pena. Porque se for só o trabalho das 9 às 5 isto é uma grande estopada. 
Partimos para mais uns dias a norte, na Serra do Açor, que nunca desilude. Parece-me que, desde que os miúdos nasceram, só falhámos em 2006, porque eu estava tão planetária, com a Diana na barriga, que não quis fazer a viagem.
Avô, Pomares, Agroal, Piodão, Poço da Broca, Fraga da Pena. Estes foram os lugares onde estivémos este ano, mas há mais locais naquela zona, igualmente inspiradores, tranquilos e bonitos. Não deixem de ir e conhecer. 
A água não é tropicaliente, mas é tão límpida que os mais corajosos não vão resistir a um mergulho. E depois de se entrar, o corpo habitua-se e faz tão bem...o calor também ajuda. Os 30º ali parecem 35º.
A segunda semana foi passada mesmo em casa. Somos muito abençoados por viver numa zona onde não faltam praias fantásticas e descansar prende-se essencialmente com isto de não ter hora para acordar, desacelerar em tudo e respirar fundo muitas vezes.
Visitámos pela primeira vez o Mercado da Romeira. Gostei muito. Passa-se ali um bom bocado. Aproveitem para ir nas noites de Jazz, se forem fãs do estilo, como eu. Se gostam de tirar fotos engraçadas para o Instagram, os grafitis que embelezam as paredes dos vários edifícios devolutos ali à volta, são o pano de fundo ideal.
Por fim, passámos um dia no Portinho da Arrábida. Já há muito tempo que não íamos de marmita atrás para um dia inteiro na praia. Aquela paisagem é de cortar a respiração. Quando serpenteamos pela serra e de repente o verde dá lugar ao azul do mar esboçamos um sorriso e deixamo-nos maravilhar pela obra magnífica de Deus, que o homem ainda não conseguiu aniquilar na totalidade, e agradecemos.

Claro que nem tudo é perfeito. Os miúdos andam impossíveis um com o outro. Espero sinceramente que seja uma fase. Há alturas em que já não aguento tanto implicância.

Também fiquei de coração apertado quando soube que o meu tio, e padrinho de casamento, teve um avc... Felizmente, as consequências não foram as piores que podiam ter sido e agora já só todos torcemos para que ele tenha muita paciência e espírito positivo para recuperar dos danos que ficaram. A vida às vezes lança-nos avisos. Para mudarmos. Para melhorarmos. Nem todos têm a mesma sorte. É só um percalço no caminho, tenho a certeza. Com o incentivo e amor de todos, ele vai ficar bem. Às vezes precisamos destes abanões para colocar tudo em perspectiva. 
Apreciemos verdadeiramente as pequenas coisas do dia-a-dia, os momentos banais e corriqueiros. Num momento de volte face é disso tudo que vamos ter saudades.
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