Como todos os anos, os miúdos chegam a esta altura e verbalizam, frequentemente, a ansiedade pela chegada das férias.
Em comparação com as deles, as nossas ainda vêm longe, mas também estamos desejosos de ir arejar para outras paragens.
Contamos que não hajam surpresas e que eles transitem de ano, sem grandes dramas.
A Diana dizia-me esta manhã, ao telefone: - não me apetece ir à escola, só queria ficar em casa contigo...
- logo damos muitos beijos e abraços e conversamos - respondi-lhe eu.
E só assim aceitou desligar o telefone, porque todos os dias diz - mais um bocadinho, mãe, eu quero-te, não te vás embora. E vou a falar com ela ao telefone, desde que saio do comboio, enquanto me dirijo para o metro, no metro, quando saio do metro, até que entro no escritório.
- olha, agora estou na casa de banho, olha, mãe, espera um bocadinho que vou pôr o leite nos cereais ( e coloca-me em alta voz), olha vou lavar os dentes...
A minha filha é em tudo intensa. Nas palavras, nas expressões, nos gestos, nos afectos...
Às vezes não sei lidar com isso. Mas o incrível é que, mesmo quando isso a deixa em maus lençóis, ela não se demove com três cantigas. A mim, esta sua faceta exaspera-me, mas no futuro, espero que ela a use para coisas muito boas.
Sei que a mãe que ela recebe ao fim do dia, é um vislumbre da mãe que fala com ela ao telefone de manhã.
Mas espero que essa mãe, cansada, direi até exausta, ainda chegue para que ela sinta o amor que lhe tenho.
Nos dias em que sinto que sou um flop, e em que só me apetece chorar (porque as mães também conseguem ser estúpidas) agarro-me à esperança de que eles me vêem para lá dos meus defeitos e dos meus maus momentos.