His(es)tória(s)

3 de maio de 2007

Quando começaram a construcção da Ponte 25 de Abril (de Salazar na altura), houve muitos desalojados. Quase todos foram realojados no, hoje, meu bairro. Os meus avós foram aqui realojados, quando a casa onde viviam teve de ser demolida para se construir a rotunda do centro sul, o mais directo acesso à ponte.
Foram dos 1ºs a ter TV a preto e branco. A televisão era trazida para a rua, nos dias quentes e os miúdos (e graúdos) ficavam ali presos ao ecran.
Foi aqui que a minha mãe subiu às árvores e brincou à apanhada. As mesmas pedras da calçada que ela pisou, que eu pisei, pisa hoje o meu filho. Foi no sotão, onde dorme hoje o Gabriel, que o meu tio ouviu Zeca Afonso no gira discos e pendurou cartazes contra o regime. O quarto que é hoje da Diana foi outrora da minha mãe, foi lá que brincou com bonecas, foi lá que sonhou com o futuro.
Foi também neste quarto que, mais tarde, faleceu a minha bisa. Nem por isso acho mórbido. Era o que ela mais queria, era morrer em casa e não numa cama de hospital.
Foi no quarto onde durmo hoje com o meu marido, que dormiram os meus avós. Foi também este quarto que albergou os meus pais, eu e a minha irmã até ela completar 1 ano de vida ( eu tinha mais de 2).
Era a esta casa que nós vínhamos de 15 em 15 dias, ao Domingo, brincar e comer os pudins e o arroz doce da minha avó.
Foi na minha sala que o meu pai namorou a minha mãe, sob o prescrutador olhar da minha avó.

Gosto de viver numa casa com tantas memórias. Boas e más. Sinto-a tão minha...

6 comentários:

  1. Que lindo Rakel! Um beijinho grande!

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  2. E é realmente tua.... recheada de momentos da tua familia!!!

    É óptimo viver numa casa assim...que faz parte de nós, de quem somos!!!

    Beijoquinhas

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  3. Memórias familiares. Lindo. Uma casa simbólica. Mas, digo-te, se fossem as memórias de outras pessoas (desconhecidas) faz-me uma confusão enorme. Tenho medo, acreditas? A maioria das pessoas não liga, mas eu tenho medo. Se fossem os meus, claro, perfeita segurança e perfeita alegria, perfeito orgulho, assim como tão bem descreveste. Agora viver numa casa com dores dos outros, nunquinha! Pancadas minhas.

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  4. Acho que tens um privilégio enorme!
    Adorava poder partilhar com o meu filho tantas memórias e saber k um dia tambem vao ser as dele!

    Beijinho

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  5. ai...compreendo-te tão bem...são tantas as lembranças!

    Bjs

    Carla

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Obrigada pela vossa visita!

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