Com que sonho eu?

9 de outubro de 2018

Esta manhã, houve uma pergunta que me fizeram no Instagram que me pôs a pensar.
Vou ser muito sincera. Os meus sonhos nunca se prenderam com uma carreira. Talvez por isso tenha colocado o projecto do meu casamento à frente de um curso superior. Há quem consiga fazer/ter as duas coisas. No meu caso, tinha de escolher. Ou ia para a faculdade e encontrava trabalho para sustentar as minhas propinas, porque éramos duas a ir e os meus pais não podiam suportar os custos de duas filhas a estudar (só o meu pai trabalhava) e adiava o meu casamento por 6 ou mais anos (já namorávamos há mais de 3 anos, embora fôssemos muito novinhos). Ou procurava um emprego e começava a juntar para me casar. Escolhi a segunda opção. Comecei a trabalhar com 19 anos. Casei com 23. Não estou arrependida. Permitiu-me ser mãe com 25. Sempre quis ser mãe cedo.
Claro que temos sempre aqueles momentos de "e se?". Quem nunca? Mas, tudo posto no prato da balança, foi a minha escolha e tenho investido tudo nela.
Nunca foi no trabalho que me senti realizada. É apenas um meio de subsistência. Dou o meu melhor em tudo o que faço, mas não é nele que apoio a minha identidade, nem é nele que procuro um propósito para a vida. Isto não é uma crítica a quem decide perseguir uma carreira, atenção. Não estou aqui a medir importâncias, porque cada pessoa dá prioridade ao que bem entende, sem por isso ter que se sentir menos ou mais que ninguém.
Os meus sonhos sempre passaram por ter uma família. Encontrar o amor. Ir a sítios onde nunca fui. Ver o que nunca vi. Desde miúda que o ponto alto de qualquer brincadeira, fosse com Pin Y Pons, Barbies ou bonecas de papel, era apaixonar-me e ter filhos. Vê-los crescer. Às vezes, para adormecer, eu e a minha irmã dávamos nomes aos nossos filhos imaginários, estabelecíamos diferenças de idade e íamos inventando histórias à volta disso.
Ou então, ao fim-de-semana, a pergunta que fazíamos aos nossos pais era: - onde é que vamos hoje?
E, na verdade, o sítio não importava muito, desde que fosse uma coisa nova e fossemos juntos.
Só saí de Portugal, pela primeira vez, com 17 anos. E foi para um projeto escolar. Na altura, os meus pais nunca tiveram hipóteses de nos levar a viajar de avião. E por isso, para mim, cada viagem que já pude fazer está guardada no baú das experiências e memórias mais gratas.
O propósito para a vida encontro-o na minha fé. Sei quem sou, porque estou aqui, para onde vou.
Tenho a minha família. Tenho o meu amor. Mesmo com defeitos e "dias da treta" , o meu sonho principal é real, e isso é uma benção indescritível. 
Os outros, vou acalentando. Sem pressas ou ansiedade desnecessárias.
Dizem que não devemos fazer a nossa felicidade depender de ninguém, e é verdade que há quem seja feliz sozinho. Sem um companheiro/a, entenda-se. Mas há sempre alguém. Uma irmã, um irmão, um amigo ou uma amiga, um colega, um familiar, o nosso pai ou a nossa mãe. A primeira pessoa a quem queremos contar uma novidade, com quem queremos partilhar uma conquista, fazer uma queixa. Ninguém é feliz sozinho, ainda que diga que sim.
Sou infinitamente grata. Sobretudo porque sei que tudo nesta vida terrena é efémero. Às vezes, a felicidade dura só um segundo. Quero agarrar-me a todos esses segundos felizes.

4 comentários:

  1. Podia ter sido eu a escrever isto, na verdade não podia que não escrevo tão bem, mas a experiência é semelhante á minha. As suas escolhas também foram as minhas e também nunca me arrependi. Mas felicidades <3

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    1. Obrigada, Maggie! Pela visita e pelas palavras . Espero que continue a perseguir todos os seus segundos felizes. ❤️

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  2. Que bonito! Palavras que aconchegam o coração❤

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    1. Vanessa, obrigada! É bom saber que há mais a sentirem o mesmo que eu. ♥

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Obrigada pela vossa visita!

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