Ainda não tinha aqui dito, porque também não tinha calhado, mas o meu pai (reformado há 6 anos) voltou a trabalhar há coisa de uma semana.
Claro que fiquei feliz por ele, porque vai ser uma ajuda ao seu orçamento familiar (as reformas são tão pequenas), mas por outro lado perdi o meu bombeiro de serviço, que tantas vezes nos socorreu com os miúdos nestes anos de maior disponibilidade.
Hoje a Diana ligou-me, pouco passava das 14h, com voz sofrida a contar que se tinha cortado a abrir a lata de atum e que o sangue não parava.
- e o que é eu faço?
Em segundos imaginei um cenário digno de Tarantino, mas saiu-me uma voz serena e segura de si:
- Diana, a mãe está longe, não há ninguém que te possa socorrer. Tens de enrolar um pano à volta da ferida e fazer pressão. Deixa estar assim algum tempo e quando parar a hemorragia, pões um penso.
Telefonei mais duas vezes, espaçadas entre si.
À terceira vez: - ó, mãe, estou a almoçar, não precisas de estar sempre a telefonar!
E assim se cresce. E assim se ganham cabelos brancos extra.