Manhãs difíceis (dias difíceis)

25 de novembro de 2015

Estou com uma dor tão grande no pescoço (assim a apanhar a omoplata e o ombro, conversa de velha, mas enfim) que me proporcionou uma noite daquelas para esquecer.
Devo ter olheiras daqui até à lua. 
Levantei-me, preparei o lanche da Diana, cozi massa e brócolos para o almoço do Gabriel, que tem a tarde livre e almoça em casa, tomei o meu pequeno-almoço. 
Ao inspeccionar a mochila dela, reparo que a caderneta do aluno nunca foi preenchida (shame on me!) e, em parcos minutos, dedico-me a preencher pelo menos a primeira folha, com os dados essenciais de contacto.
A seguir faço a inspeção à mochila dele. Fichas e testes machucados no meio dos cadernos e livros, quando tem uma capa para os arrumar, evitando que pareçam ter sido achados no lixo. Um sumo e uma barra de cereais que não comeu no dia anterior, apesar das minhas ordens constantes para comer tudo o que mando. Mais uma vez, num dia em que entra às 8h20 e sai às 17h00, esteve o dia inteiro apenas com uma sandes.
Deparo-me com um recado no caderno de português, com data de 20 de novembro (de há cinco dias, portanto) em que a professora informa que ele levou falta de material porque não tinha consigo a caderneta do aluno e que falhou em apresentar o Relatório de Leitura do livro que lhe foi pedido que escolhesse ler para este projeto (logo no início do ano letivo), relatório este que contaria para avaliação. Contaria....
A semana passada já tinha recebido um telefonema da DT, pedindo-me que andasse mais em cima dele. Teve negativa no teste de Inglês e nem se deu ao trabalho de me dizer que a DT tinha marcado uma reunião comigo para me ser entregue o plano de recuperação, elaborado pelo prof da disciplina. Reunião essa a que não compareci, porque ele nunca falou nela. Que dias antes, quando inquirido sobre um trabalho de casa, respondeu que tinha feito, mas depois ao fazer a correção na aula ela se apercebeu que ele estava a responder às coisas na hora e não tinha nada escrito. Quando o confrontei, já em casa, respondeu que se tinha esquecido de colocar o caderno na mochila, mas que o trabalho estava feito. 
Fui acordá-lo. Falei com ele. Mostrei-me triste e desiludida. Zangada até. Afinal, tínhamos tido uma conversa séria há poucos dias sobre o seu desinteresse na escola. Exigimos mudanças. Mais empenho. E hoje isto.
Saí e quando liguei à Diana ela disse-me que as coisas tinham corrido mal com o pai, depois de eu sair.
Esteve 25 minutos enfiado no quarto. Levantou-se a 5 minutos de sairem. O pai já fervia em brasa. Claro. Disse que adormeceu. 
E eu pergunto. Depois de levar um sermão, deita-se e adormece (já vestido) sabendo que o pai estava à espera que ele descesse para tomar o pequeno-almoço e despachar-se? Sabendo que ia ter português ao primeiro tempo (a tal disciplina em que estava em falta com o relatório)? Sabendo que ia atrasar tudo e piorar a vidinha dele, que já não estava famosa?
Ele é um miúdo que comunica muito pouco em casa. Sempre foi de poucas falas. Quando pergunto como correu o dia é monossilábico nas respostas. Sinto que não o conheço e que não sei o que se passa na sua cabeça, quais as suas emoções, porque é que é tão "deixa andar".
Faltam 8 dias para o seu 11º aniversário. Será isto o princípio das dores?

4 comentários:

  1. Sim..é mesmo o principio...e vai piorar e depois melhora! Tem fé ;)

    Beijinho

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  2. Sim é princípio, mas sem fim à vista. E sim piora... mas se outras mães conseguiram ultrapassar esta fase com sanidade mental, nós também vamos (ou pelo menos espero).

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  3. Um beijinho. Depender de Deus a cada dia...

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