Wake up call...

3 de junho de 2014

Há pouco mais de uma hora, fui almoçar. 
Normalmente não vou sozinha, mas hoje calhou não ter companhia.
Estava já na direcção de um sítio para comer qualquer coisa rápida, quando disse para os meus botões: - não, vou ao do costume, ao menos já sei que sou bem servida e não pago muito. E voltei para trás.
Estava prestes a entrar quando fui abordada por uma mulher. Falava muito baixinho, tinha sotaque. Tive de me aproximar dela para poder perceber o que dizia.
[pensei logo...mais uma a pedir dinheiro e eu não tenho aqui moedas]
Mas não. Disse-me que estava grávida e que já não comia uma refeição há quase quatro dias. O meu coração quase parou. Pediu-me que lhe pagasse uma sopa.
Pus a minha mão sobre o seu ombro e entrámos.
Comeu uma sopa, uma tosta e uma salada. Quando fui ver se estava bem, agradeceu-me e disse-me que não tinha nada para dar de jantar aos filhos. Que estava separada do marido. Que estava a fazer uma formação para ver se conseguia arranjar um trabalho. 
Eu já nem tinha fome.  Pedi que lhe embrulhassem sopas e dois pratos do dia, para ela levar para os filhos.
Agradeceu-me muito. 
Não fiz nada de mais...e fiquei tão, mas tão agradecida por ter podido ajudar. Não sei se a verei outra vez. Mas sei que a incluirei, e aos filhos, nas minhas orações. E que a primeira abençoada nesta história fui eu. 

O objectivo de escrever isto não é o de me vangloriar por ter ajudado, mas o de incentivar todos os que lêem a estarem abertos a fazer o bem. 
Nem sempre estamos. Andamos tão embrenhados no rodopio que é a nossa vida que nem prestamos atenção.
No outro dia houve um velhinho que me fez sinal e eu ia tão depressa para apanhar o metro que pensei que era mais uma pessoa a pedir e disse-lhe: agora não posso! quase sem olhar para trás.
E depois ainda pude ouvir ao longe o senhor a praguejar:
- mas eu só quero saber que horas são!
Pensei, BRUTA!!! Porque é que não paraste!
E é isto gente. Temos que parar mais vezes. 

3 comentários:

  1. Pois...é isso mesmo!

    Aqui há dias uma amiga minha com pressa deixou a carteira na secretaria e já no comboio viu-se sem dinheiro e sem o passe, pediu dinheiro emprestado a uma série de pessoas que se recuusaram a dar...até que a senhora da limpeza da estação a viu e se ofereceu para a ajudar - claro que no dia seguinte ela compensou a senhora - tudo isto para concordar contigo e de facto temos de estar predisponiveis para o bem!
    Bem haja Raquel

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  2. Enquanto estudava, apanhava comboio todos os dias e no regresso a casa quase sempre via miúdas de etnia cigana que tentavam vender-me pensos rápidos. Fazia sempre o mesmo: "Queres um pão e um sumo?" e quase sempre ouvia a mesma resposta "Sim, mas pede para levar". Julgava eu que tinham vergonha de se sentar num café. Quando dei conta, ao final de várias vezes, reparei que iam partilhar com mais meninos que por ali andavam a vender lenços de papel ou curitas. Fiquei abismada para sempre com o altruísmo daquelas crianças.
    Mas sim, devemos sempre parar. Nunca dou dinheiro. Ofereço sempre comida ou na pior das hipóteses, se não houver cafés por perto nem um pacote de bolachas na bolsa, um cigarro a adultos que vejo que a necessidade dele é maior que o prejuízo de o fumar.

    http://10yearsbituine.blogspot.com/

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    1. Uma vez li uma frase que dizia que exercer a bondade é estar disposto a correr riscos. É um bocadinho assim. :) Umas vezes corre mal, mas há outras que vale muito a pena sair do nosso canto confortável. Beijinho.

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