Os olhos são a janela da alma

5 de fevereiro de 2014

As únicas coisas que podemos conservar são as que entregamos a Deus. As que guardamos para nós são as que perderemos com certeza.” 
C S Lewis 

Uma das coisas que tento ter em mente quando penso, olho, educo os meus filhos é que eles me foram confiados por Deus. Não são meus, no sentido possessivo da palavra, como se sobre eles tivesse direitos ou coisa que o valha.
Tenho o direito de os ver felizes. Isso é certo.
Esta perspectiva tão humana de olhar para a maternidade/paternidade, faz com que, em tantos momentos, me esqueça que tudo o que faço, tudo o que sou lhes fica impresso na mente e no coração duma forma que nada do que lhes digo ficará.
Isto chega a ser assustador, se me puser a pensar nas minhas falhas e nos meus defeitos e no tanto de caminho que me falta percorrer.
Também sei que não sou só eu que os educo, que eles absorvem o mundo que os rodeia, nos amigos, nos professores, na família mais alargada, na igreja, na televisão, na música...

Que sabes tu das almas das outras pessoas - das suas tentações, das suas oportunidades, das suas lutas?” 
C S Lewis

É por isso que me custa tanto perceber que na nossa comunidade cristã há esta prontidão em julgar. O que se veste, o que se ouve, o que se pensa, o que se faz, o que se escolhe, o que se gosta, o que se aprende, o que....
Tudo é passível de julgamento.
Como é que eu lido com isto de uma perspectiva cristã? Às vezes é difícil.
E o que é que digo aos meus filhos, quando se sentem julgados?
Ensino-lhes, desde sempre, que o preconceito é uma coisa muito feia. Que somos todos diferentes e que, mesmo quando não temos opiniões iguais em relação a alguma coisa, temos de saber respeitar os outros, da mesma forma que desejamos que nos respeitem a nós.
Mas quando eles sofrem juízos de valor na pele, por vezes é complicado explicar-lhes estas ideias (tão bonitas, na teoria e tão complexas, na prática).
Preparar os meus filhos para o céu, não passa, na minha opinião, por protegê-los das imperfeições dos outros nem tão pouco impedindo-os de conviver com a diferença.
Entre pais, no que toca à educação dos nossos filhos, temos muito esta tendência de comparação extremista, ou de acharmos que nos podemos colocar em bicos de pés, porque estamos num patamar de excelência em relação aos outros ou, por outro lado, de acharmos que não valemos um caracol e que os filhos dos outros é que são excelentes, porque nós fazemos tudo mal.
Como diz o ditado, no meio é que está a virtude e, se acho fundamental buscar a excelência que Deus me pede, também acho que essa busca me deve tornar humilde na forma como olho para os outros e, sobretudo, na forma como os meus filhos vêem os outros através das minhas lentes.

2 comentários:

  1. Na "mouche"!

    Dedo apontado aos outros em vez de apontar para o próprio umbigo é o que se vê mais por aí, e cada vez mais isso é passado para as crianças.
    Humildade é das coisas mais importante que se devem ensinar, e com a sociedade de hoje em dia cada vez mais difícil.
    É continuar a tentar a fazer o "nosso trabalho" de exemplo e rezar para ver se cola mais do que os outros exemplos que absorvem de fora.

    :*

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  2. Muito bem dito e escrito...até me arrepiei em certas frases.

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