Ser aceite

19 de outubro de 2010

Mais do que isso, misturar-se de forma a que não se seja notado. O Gabriel tem este grande problema. Não gosta de sobressair seja pelo que for e isso acaba por ser comum a todas as crianças, acho eu. Mas eu quero que ele aprenda o contrário comigo. E hoje tivemos uma das muitas conversas sérias que havemos de ter. A primeira. 
O que sucedeu foi que ele não tocou no leite (o tal que ia no copo especial) e muito menos nas bolachas, porque devia ter tanto receio que os amigos vislumbrassem o copo que nem arriscou abrir a lancheira. Porque todos devem levar pacotes e ele levava um copo. O medo de ser gozado. O presumir o que vai na cabeça dos outros. Já não é a primeira vez em que eu noto que ele tem medo do ridículo. Da diferença.
E eu só quero que ele perceba que não é a roupa que vestimos, nem o que comemos, aquilo em que acreditamos, se somos ricos ou pobres, feios ou bonitos, que ditam se alguém gosta mais ou menos de nós. 
Os amigos gostam sempre de nós. Quem gozar, paciência. Ergue-se a cabeça e continua-se. E ficamos mais fortes. Eu sei que ele só tem 5 anos (quase 6, ok) mas acho verdadeiramente que é nestas ocasiões que devemos começar logo a transmitir-lhes a força interior e as lições de vida que nós próprios fomos aprendendo. 
Acho que ele percebeu a ideia. Acho.
Amanhã veremos.

e não, não sou daquelas que arrancariam um braço, se preciso fosse, para comprar aos filhos o que não podem, só para eles terem o que os outros têm.
porque sou do tipo que acha que proteger os filhos não implica vendá-los da realidade que os rodeia.
ter a noção do dinheiro ou da falta dele é importante.
ter a noção de que há pequenas coisas que nos ajudam a poupar e a proteger o ambiente é importante.
é a minha maneira de ver as coisas. outros verão doutra forma.

8 comentários:

  1. fazes muito bem Raquel, é desde cedo que devemos começar a incutir valores e a educar neste sentido. eu tb concordo e tb já tenho falado à minha Joana em alguns pontos semelhantes, não pelo mesmo motivo, mas por outros do género. e eles captam muito bem... vai ficando sempre qualquer coisa lá dentro... tenho notado isso. a Joana é daquelas miúdas que tudo o que lhe dizemos, em conversas destas mais sérias fica a pensar e a pensar... uns dias depois, ainda está a pensar e ainda faz perguntas e acaba por acatar muito bem este tipo de situações. o Gabriel tb parece um menino muito maduro e crescido, por isso, vai assimilar!

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  2. Concordo com tudo o que dizes, mas sabemos que os putos são mesmo assim. O rodrigo, por exemplo, estava cheio de vergonha de ir para a escola com uns óculos novos. Estava com medo de ser gozado. "Se gozarem, gozam filho, porque passados uns dias já ninguém se lembra" ... e depois começam a entrar naquelas idades em que os putos são chatinhos com tudo, embora o meu ainda seja um bebézão.

    Temos que ter muita preserverança para guiar-lhes o caminho ainda durante uns bons anos amiga.

    Quanto ao copo, acho uma óptima ideia, mas o Rodrigo vai mesmo com o "pacote" porque o copo ia dar barraca (não pela vergonha, mas pela natural propensão para a asneira imaginativa lol)

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  3. Não é fácil ser diferente nestas idades. Eu lembro-me quando foi comigo. Mas fizeste muito bem em falar com ele dessa maneira. Naturalmente vais ter de falar outra vez, mas ele acaba por aceitar e compreender.

    Eu cá gosto muito da ideia do copo. Onde compraste? A ver se compro um ou dois para a Anna quando aí for. (A Anna já começou a ser diferente no infantário porque é vegetariana, o que quer dizer que quando eles comem carne ou peixe leva o comer de casa. Felizmente têm-me dito que ela não se importa nada. Mas isso vai mudar mais cedo ou mais tarde.)

    Beijinhos

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  4. Concordo plenamente contigo.
    Ainda no outro dia a minha me perguntava, imagina, quando é que lhe comprávamos um telefone! ela nem é daquelas miúdas de ver e querer porque os outros têm mas já percebi que gosta de tudo o que é "aparelhómetro" e tecnologia, sai ao paizinho.
    Depois disse que a amiguinha tinha e eu também conversei com ela e la la la... não podiam "cobiçar", por ex, as boas maneiras uns dos outros, não? hehe
    Beijocas

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  5. Aplaudo-te! Já noto essa vergonha social no meu filho também. E sim, temos de lhes ensinar que as diferenças são boas e as qualidades estão na pessoa, não é satisfazer-lhes todos os pedidos para que não se sintam inferiorizados junto aos outros.

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  6. Para eles é muito complicado nestas idades, o receio de ser gozado pelos outros faz com que não queiram ser diferentes em nada. Acho que como já foi dito provávelmente essa conversa terá que ser feita outra e outra vez, mas sem dúvida que vai chegar lá :)

    Beijinhos

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  7. Estou contigo e admiro-te por isso. Esses são os principios certos. Eu faria o mesmo...
    Mas a cabecinha deles não pensam como nós, mas ele está a crescer e é com esses valores que ele vai aprender...
    Certissimo

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