Esta semana muito se tem falado sobre estas declarações, feitas pelo Cardeal Patriarca de Lisboa.
Lembrei-me de imediato de mim...de nós. Eu e o meu marido não partilhamos a mesma fé.
Não sou católica, sou adventista do sétimo dia. Ele não tem religião, acredita em algo, mas para ele é tudo muito irreal e abstracto, muito embora tenha crescido dentro dos rituais católicos (digo rituais e não fé...porque, infelizmente, a maior parte dos católicos que conheço vive as cerimónias e pouco mais).
O meu pai muito me advertiu para o facto de termos dois percursos tão diferentes. Num casamento isso pode traduzir-se em divergências e discussões, e não estou a referir-me a debates filosóficos ou teológicos mas às coisas mais básicas e simples do dia a dia. Até porque quando nos casamos não é só a pessoa com quem escolhemos viver que entra na nossa vida. É a família dessa pessoa. E, no meu caso, a experiência não tem sido agradável em toda a sua amplitude, porque existe ainda muita intolerância e preconceito.
Ainda assim o amor era muito, a paixão intensa, e após 6 anos e meio de namoro e conhecimento profundo um do outro, acabámos por casar, apesar do desafio de conjugarmos os meus princípios de vida numa vida a dois.
Pensando em ter filhos a coisa adensou-se ainda mais, porque eu faço uma coisa e o pai faz outra. Eu ensino A e o pai faz B. No entanto eles tomam como adquirido o que lhes ensino, ainda que tomem contacto com os dois pontos de vista, sendo que um dia sei que vão tomar a decisão de seguir ou não a minha religião mediante a sua própria análise e convicções. Nem eu quereria que fosse de outra forma.
No meio das nossas diferenças temos sabido sempre respeitar-nos um ao outro.
Não digo que não acalente a esperança de um dia ele se poder converter à minha fé. Seria mentira dizê-lo.
Ou seja, à luz da Bíblia eu devia ter escolhido de forma diferente. Esta é a verdade nua e crua. A intenção de Deus é proteger-nos de eventuais situações de conflito e infelicidade. E incorrendo por esta via estamos, sem sombra de dúvidas, a sujeitar-nos a isso. Eu corri o risco e tenho de o assumir. Não acredito que Deus deixe de nos abençoar ou de me ajudar, por causa de...até porque isso seria admitir que Deus faz acepção de pessoas. Essa não é, de todo, a questão. Ele simplesmente nos aconselha a escolher a harmonia mais provável. Daí que a Bíblia designe o casamento entre pessoas de crenças, raças ou culturas diferentes de jugo desigual. Não é uma coisa errada, apenas injusta e desiquilibrada. É verdade. Fazemos um esforço para que resulte. Porque nos amamos e porque acreditamos em nós.
No fundo, isto não é nada fácil, mas não é impossível. E sim, percebi a intenção do senhor, apesar de o comentário ter sido infeliz.
Lembrei-me de imediato de mim...de nós. Eu e o meu marido não partilhamos a mesma fé.
Não sou católica, sou adventista do sétimo dia. Ele não tem religião, acredita em algo, mas para ele é tudo muito irreal e abstracto, muito embora tenha crescido dentro dos rituais católicos (digo rituais e não fé...porque, infelizmente, a maior parte dos católicos que conheço vive as cerimónias e pouco mais).
O meu pai muito me advertiu para o facto de termos dois percursos tão diferentes. Num casamento isso pode traduzir-se em divergências e discussões, e não estou a referir-me a debates filosóficos ou teológicos mas às coisas mais básicas e simples do dia a dia. Até porque quando nos casamos não é só a pessoa com quem escolhemos viver que entra na nossa vida. É a família dessa pessoa. E, no meu caso, a experiência não tem sido agradável em toda a sua amplitude, porque existe ainda muita intolerância e preconceito.
Ainda assim o amor era muito, a paixão intensa, e após 6 anos e meio de namoro e conhecimento profundo um do outro, acabámos por casar, apesar do desafio de conjugarmos os meus princípios de vida numa vida a dois.
Pensando em ter filhos a coisa adensou-se ainda mais, porque eu faço uma coisa e o pai faz outra. Eu ensino A e o pai faz B. No entanto eles tomam como adquirido o que lhes ensino, ainda que tomem contacto com os dois pontos de vista, sendo que um dia sei que vão tomar a decisão de seguir ou não a minha religião mediante a sua própria análise e convicções. Nem eu quereria que fosse de outra forma.
No meio das nossas diferenças temos sabido sempre respeitar-nos um ao outro.
Não digo que não acalente a esperança de um dia ele se poder converter à minha fé. Seria mentira dizê-lo.
Ou seja, à luz da Bíblia eu devia ter escolhido de forma diferente. Esta é a verdade nua e crua. A intenção de Deus é proteger-nos de eventuais situações de conflito e infelicidade. E incorrendo por esta via estamos, sem sombra de dúvidas, a sujeitar-nos a isso. Eu corri o risco e tenho de o assumir. Não acredito que Deus deixe de nos abençoar ou de me ajudar, por causa de...até porque isso seria admitir que Deus faz acepção de pessoas. Essa não é, de todo, a questão. Ele simplesmente nos aconselha a escolher a harmonia mais provável. Daí que a Bíblia designe o casamento entre pessoas de crenças, raças ou culturas diferentes de jugo desigual. Não é uma coisa errada, apenas injusta e desiquilibrada. É verdade. Fazemos um esforço para que resulte. Porque nos amamos e porque acreditamos em nós.
No fundo, isto não é nada fácil, mas não é impossível. E sim, percebi a intenção do senhor, apesar de o comentário ter sido infeliz.
Eu tb percebi Raquel e compreendo. E, pelo que tenho visto, vocês são um caso raro de sucesso.
ResponderEliminarmuito interessante o teu post
Um bj!
Sinto que os conheço um pouco, mas não tanto para poder dar a minha opinião. Porque as nossas jantaradas de 6 em 6 meses não me dão "dados" necessarios para isso. A vossa convivência é diária há uma data de anos.
ResponderEliminarJá o comentário do D. Policarpo. Surpreendentemente estou muito de acordo.Não se pode comparar uma relação como a tua e a do P com aquela que o senhor falou. Tal como dizes, o teu marido é daqueles que nem água vai nem água vem, acredita em algo, mas não sabe o quê, leva a vidinha dele sem grandes chatices.
Já um muçulmano, daqueles com convicções bem fortes, não é nada assim. Deve ser muito díficil conviver com pessoas que se acham donos da verdade única e absoluta, em que a tradição os deixa ter mais do que 1 esposa e logo aí demontra ( a meu ver) um total desrespeito pela mulher, que a faz usar roupas absolutamente castradoras, que não as deixa ter médicos homens, que não a deixa sair de casa sozinha, em que adultério da mulher é punido por lei sendo a setença a morte, na praça pública à pedrada, entre tantas outras que confesso desconhecer.
Se tivesse nascido muçulmana, é provavél que tudo isto fosse parte da minha vida e ponto final.
Agora, como Portuguesa o caso muito de figura e não sei se o amor que pudesse vir a sentir por um homem muçulmano, me faria feliz. Sim porque sejamos realistas que o amor é importante mas não é tudo. A história do amor e uma cabana só nos livros.
Dito isto e já me alonguei muitoooooo, não acho o comentário racista ou xenofobo. Foi apenas um aviso. Cabe a cada um, ou cada uma neste caso, levar a sua vida onde quer.
Eu também percebi o comentário do senhor. E parece-me que tu ainda o compreendes melhor precisamente por viveres como vives. É muito honesto da tua parte assumir que um compromisso assim implica cedências e esforços, normalmente não é assim que as pessoas pintam o caso.
ResponderEliminarDe qualquer maneira a família que vocês construiram é muito bonita e feliz mesmo com as diferenças de base.
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interessante o que escreves e dá mt que pensar... cá em casa, somos ambos católicos. mas eu sou mais do género do teu marido e o meu marido, não, é crente a valer, praticante e muito devoto. sempre nos demos muito bem também e a questão da religião também não nos tem afastado enquanto casal. à minha filha, tento passar-lhe o máximo, no entanto, quase que não vou à igreja com ela e acho isso prejudicial, mas a vida alterou-se e eu, sendo mais do género do teu marido, deixei de fazer algumas coisas que fazia antes, nomeadamente, ir á missa todos os Domingos... olha, dá que pensar e o importante, acho eu, é sabermos respeitar o outro na diferença.
ResponderEliminarBela lição, Raquel. Amor, coragem, flexibilidade... todos os joguinhos de cintura que é preciso ter para se levar um casamento (de diferenças) a bom porto. Beijinhos.
ResponderEliminarEu penso que o que de facto importa é amrem-se, respeitaremn-se e serem felizes.
ResponderEliminarBeijocas
e é importante salientar que os adventistas não são fundamentalistas como muitos muçulmanos e que as suas crenças baseiam-se em verdades Bíblicas inquestionáveis. Logo torna-se mais fácil tolerar as diferenças e gerir situações como a tua.
ResponderEliminarcomo te compreendo, o meu marido tb qd se casou comigo, eu n era crente. Vivia dentro dos rituais católicos e ele um evangélico a sério.
ResponderEliminarA familia dele bem o avisou e ele bem sabia o que Deus escreve na Biblia(..Não vos junteis a um jugo desigual...)mas mesmo assim ele arriscou e passado uns emses tb eu sim me tornei evangélica.
Mas concordo ctg , nunca Deus deixa de vos proteger.,isso não!!!
beijos
Adoeri este teu post e, mais ainda, admiro a tua força - porque é visivel daqui. Eu sou católica, pouco praticante para que conste - com pena e vergonha minha- mas sou-o, já o P não é nada, acredita, e tal, mas não se rala. Parte de mim fazer força para cima ou para baixo, é fácil. Já vocês, acredito que tenha bastante esforço inerente, já agora, perdoa a ignorância, o que é adventista?!
ResponderEliminarbeijinhos, não sabia esta parte da tua história.
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