Quanto mais velhos...

21 de abril de 2016

Isto de lidar com a mentira, para mim, até agora, tem sido das coisas mais difíceis na educação deles.
Ela tem sido sempre uma criança frontal, que assume as asneiras, que "oferece o peito às balas".
Com ele a história tem sido outra bem diferente e, nesta fase, em que já vai a caminho dos 12 anos, é coisa que me deixa triste, frustrada e até preocupada.
Têm sido vários os episódios. Têm sido várias as conversas, as chamadas de atenção. Mas, infelizmente, os casos continuam a acontecer.
Ontem foi mais um. Liguei-lhe para que tomasse banho, estava ainda em Lisboa. Sim, senhor. Ok. Tudo muito bem. Chegámos a casa, alô criançada, e o dia como foi e tudo e tudo. Ele já estava de pijama. Ok. Tomou banho. Mas eis que reparo que as meias não foram trocadas. E eis que o confronto. 
- olha lá, filho, tomaste banho, como te pedi?
- tomei.
- então porque é que tens calçadas as mesmas meias sujas?
- ah, esqueci-me de mudar.
Nesta altura, desconfiada ao máximo, puxo-o para junto de mim e cheiro-lhe o cabelo.
O óbvio aroma de quem não fez uso da água e do shampoo.
Mentiu. Foi descoberto e, ainda assim, insistiu na mentira inicial.
O pavio do meu marido é infinitamente mais curto que o meu e os seus métodos estão longe de serem totalmente pedagógicos (eu só sou um ogre depois das 22h, tipo cinderela versão alternativa, porque acordo às 6h da matina e a minha paciência precisa de recarga ao fim de mais de doze horas "acordada"). 
Eu sou um bocado "What??", reajo logo à bruta e mando um grito, mas depois converso. O pai é um bocado assert(gress)ivo com as palavras. Digamos que, atinge nevralgicamente a auto-estima dele, para o chocar e provocar-lhe alguma reação. Isto porquê?
Depois de ter ralhado com ele, de lhe ter manifestado a minha desilusão a criatura foi tomar banho sem ter admitido a mentira, cantou o tempo todo, não se esforçou minimamente por ser rápido a realizar a tarefa. Teve de ser chamado à atenção também por isso e estava como se nada fosse. 
Eu penso em mim, com a idade dele na mesma situação. Era coisa para me pôr doente e a piar muito fininho e andar sobre cascas de ovo com os meus pais.
Ao jantar voltei à carga. Muito diplomática e calma, explicando-lhe tudo isto.
Ele tem uma tremenda dificuldade em nos olhar nos olhos quando estamos a falar com ele depois de um desaire. Tenho de pedir constantemente que olhe para mim. Um stress! O pai ferve com isto. Eu respiro fundo para equilibrar os ânimos.
Voltei a sublinhar a minha tristeza. Disse-lhe que quero que seja um homem de palavra. Um homem de confiança. Disse-lhe que estava triste e que esperava que não voltasse a acontecer. E que o mínimo que podia fazer era mostrar um mínimo de arrependimento e consternação por ter errado.
E a esperança de que aprenda é a última a morrer...mas isto é desgastante.

2 comentários:

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