Neura

28 de outubro de 2015

Ontem o fim de dia foi horrível. Tudo o que podia correr mal, correu.
Estive UMA HORA E MEIA a fazer o jantar, para no final ficar uma valente bosta. Desculpem a linguagem. Mas foi a palavrinha mais suave que encontrei para designar os meus pasteis de tofu.
Já os tinha feito uma vez e ficaram maravilhosos. Ontem, não sei porquê, desfizeram-se todos na fritadeira. Não sei se por causa da qualidade da batata que usei...
Em desespero de causa tentei fritá-los somente num fio de azeite na frigideira antiaderente. A cozinha encheu-se de fumo. O arroz que era suposto ser malandrinho, ficou seco de tanto esperar. Uma frustração.
Para culminar tudo isto, mais tarde, a minha filha resolveu fazer uma birra monstra por causa da roupa que pus para ela vestir no dia a seguir. Eu aguentei-me estoicamente para não "molhar a sopa", mas no fim da choradeira e afins, perguntei-lhe se tinha ouvido o que estava a dizer e ela nada. Nem um aceno, nem um movimento, nem uma palavra. Decidiu ignorar-me e foi a gota de água. 
Chorou. Mas foi do orgulho ferido, por não ter levado a dela avante. Não foi das palmadas pela falta de educação.
Claro que depois fico a sentir-me péssima. Detesto deitar-me de mal com eles ou com o meu marido.
Lá fui ter com ela. Secar-lhe as lágrimas. Explicar-lhe que há quem não tenha nada para vestir e que não somos ricos para que ela coloque roupas na lista das que não que vestir. Que são todas bonitas, mesmo que goste mais de umas que de outras. Que tem de ser mais humilde, menos respondona, menos vaidosa. Que não tenho o menor prazer em lhe dar palmadas, mas que ela também tem de perceber que há limites. Todos os temos. Demos um abraço e beijinhos. Fiquei (um bocadinho) melhor. Mas fico sempre triste quando isto acontece.

3 comentários:

  1. Ficamos todas Raquel, ainda que isto não sirva de consolo.
    Os stresses lá em casa com as roupas também me deixam chateada - têm tanto no entanto parece que não têm nada :( ou que nada lhes serve - ou andam sempre com a mesma coisa....and so on

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  2. Tenho pensado muito sobre isto. É raríssimo dar uma palmada ao Afonso, não gosto de educar assim mas sobretudo não gosto daquilo que dizemos ao fazê-lo. Ao ouvir o Paulo Oom numa conferência no outro dia constatei que ao dar uma palmada por se portar mal eu estou a ensinar que quando alguém ultrapassa os limites que eu defini é justo e aceitável que haja uma agressão. Ora isto pode ser posteriormente replicado por eles entre irmãos ou mesmo na escola, pois é esse o exemplo que estamos a dar. Ora se eu acredito que uma agressão não é nunca aceitável não posso nem quero dar este exemplo. É difícil educar e mostrar limites mas há sempre alternativas. Os castigos de não brincar com ipad ou não ver televisão são sempre eficazes. Temos de ser criativas. No final do dia sentimos-nos melhor e eles aprendem de forma mais eficaz.

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    1. Na teoria concordo com tudo o que disseste, Vanessa. Na prática, nem sempre consigo ter a presença de espírito suficiente para o fazer. Sobretudo ao fim de um dia de trabalho, depois de 12 horas fora de casa. Enfim...dou o meu melhor para que seja uma exceção e não uma regra.

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