Ontem a reunião de pais não me trouxe boas notícias.
As notas do Gabriel desceram todas, excepto as de Estudo do Meio, em que teve bons resultados.
A menos de um mês das Provas Finais isto não me deixa descansada, muito pelo contrário.
Pior que as más notas é eu achar que ele está totalmente desmotivado e encara a escola de uma forma muito imatura. A caminho do 5º ano não é bom sinal que assim seja.
Ontem tive uma conversa com ele de quase meia hora, a sós. Chorou. Chorou muito. Não fala quase nada. É dificílimo arrancar-lhe uma opinião, perceber o que sente.
Sinto que temos sido pouco exigentes com ele e talvez o sejamos também com a irmã, sendo que a irmã tem a vantagem de, sendo ou não o método da professora discutível, ter um percurso escolar estável, sem mudanças de professor a cada ano, como ele tem tido.
Acho que a culpa de estarmos pouco tempo com eles, também nos levou, ainda que inconscientemente a uma espécie de condescendência e falta de rigor, sob pena de os sobrecarregarmos com deveres.
Não há obrigações de estudo, não há uma linha condutora. Deixamos um bocado a coisa ao sabor das necessidades e esperamos que parta deles a responsabilidade de estudar ou não.
Mas a verdade é que ele não sabe estudar, não quer, não lhe apetece. Nunca nos diz quando tem testes e nisso, há que dar a mão à palmatória, a professora da Diana ajuda-nos, enquanto pais, a poder controlar, pois envia informativo na caderneta com os dias das fichas de avaliação.
Agora fica a pergunta a bailar na minha mente: se calhar devia ter obrigado? Se calhar devia ter exigido?
Isto é tão difícil. O equilíbrio entre ser a mãe porreira e a boa mãe...porque nem todas as mães porreiras são más mães, nem todas as boas mães são chatas.
Nunca precisei que me mandassem fazer os trabalhos de casa, nunca precisei que me mandassem estudar, nunca precisei que me dissessem que tinha que dar o meu melhor. Estava em mim. Por isso, esta postura de obrigar, exigir, definir, baralha-me.
Não quero que ele pense que tem de se esforçar para nos agradar, isso é uma consequência.
Quero que ele se esforce para dar o seu melhor porque tem prazer em fazê-lo. Por si mesmo.
E é isso que lhe falta. A necessidade de alcançar a excelência no que faz.
É comodista, preguiçoso, é um tanto-faz.
E penso se não é assim, não tanto pelo que fiz, mas pelo que não fiz.
A escola é um ensaio para a vida. Não é assim que quero que ele encare a vida dele.