Dos Natais da minha infância

15 de dezembro de 2013

Devo dizer que me lembro de muito poucos, pelo menos com imagens vívidas.
A minha cabeça já não é o que era. ☺
Lembro-me dos primeiros pinheiros serem naturais. Já éramos crescidas quando tivemos o primeiro pinheiro artificial, que depois foi utilizado até se estragar.
Guardo o Natal em que os meus pais nos levaram a ver a Branca de Neve e os Sete Anões à Incrível Almadense. O nosso presente foram os bilhetes e ficámos mesmo felizes. Nunca tinha ido a um cinema antes.
Lembro-me daquele em que recebi "A Minha Agenda".
Também lembro as filhoses da minha avó. Os alguidares cheios, que faziam as nossas delícias até ao Ano Novo.
Lembro a ansiedade de comer o Bolo Rei para ver a quem calhava o brinde e a quem calhava a fava.
Lembro-me do Natal em que o meu pai trabalhou até mais tarde e fomos com a minha mãe apanhar o táxi ao pé do café Central até à casa onde vivo hoje, que era na altura dos meus avós.
Lembro-me do cheiro a açúcar e canela misturado com o cheiro a bacalhau e couves.
Lembro-me do meu avô. Da mesa de centro, sempre com papéis, os cachimbos e canetas. Lembro-me de estar com tanto cieiro que a pele dos lábios quase tinha saído e eu estava mesmo orgulhosa porque estavam mais encarnados que nunca e parecia mesmo que usava batom.
Lembro-me de ter visto na RTP1 o filme "Não há como a nossa casa" (no original, Meet Me in St. Louis). Amei!
Lembro-me também do Natal em que, já bem mais velha, em casa dos meus tios, ardia em febre.
Gostava da casa dos meus tios. Cheirava sempre tão bem, estava sempre tudo tão arrumado. Adorava espreitar as prateleiras cheias de livros, a vasta colecção de discos do meu tio. Havia sempre flores secas nalguma jarra. Lembro-me dos bonecos de barro no quarto de hóspedes/escritório. Herdei da minha tia o gosto por boinas e do meu tio o gosto pela fotografia. Tinham sempre quadros bonitos na parede. Aquilo que a eu podia chamar de arte, porque eram diferentes. 
Lembro-me sobretudo de gostar de estar com a família, dos doces e de me poder deitar mais tarde.
E também já devem ter reparado que falo sempre no plural porque os meus Natais nunca foram só meus. Eram também da minha irmã, com quem só não partilhei o Natal de 1979, mas desse também não me lembro, pelo que não conta para a estatística.
E vocês? Que memórias guardam?

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