Das coisas melhores do mundo?

5 de dezembro de 2013

Beijinhos no pescoço dos meus filhos. Naquela curva quentinha de pele, quase junto à orelha.
Melhor ainda, quando a minha filha me diz que os adora. 
Depois dou mais umas voltas ao repolho no tacho, a nadar no refogado, para o arroz que vou fazer para o jantar e penso nela, que já não viu o sol nascer hoje. Estava tão bonito, e nunca mais vai sentir o sabor de um gelado de chocolate ou mergulhar os pés no mar no primeiro dia de Verão.
Penso que ela nunca soube o que era isto. Este prazer desmesurado do amor. Dou mais um beijinho no pescoço da minha filha e quase me esqueço que ela me dá cabo da cabeça com as contas de menos. Porque penso nela outra vez, como pensei toda a noite passada. Penso nas manhãs de sábado. Volto a ter 9 anos e a espetar pioneses no cabelo da irmã dela para depois nos rirmos todos, muito. Era uma brincadeira inocente, que hoje recordo com saudade, porque ela nunca mais vai partilhar nenhum sorriso comigo, nem com a irmã, nem com ninguém. Somos pó. E penso nela. E penso nisto da vida ser tão frágil.
A minha filha interrompe-me para me perguntar quanto é 200-200 e eu respiro fundo e relativizo, porque penso nela, que não voltará a fazer contas de cabeça nem saberá o que é isto dos beijinhos no pescoço de um filho. Hoje chorei. Muito. A dor de nos pormos nos sapatos dos outros é atroz. Este mundo é atroz.
Fico à espera do outro, em que Deus vai restaurar a justiça e nunca mais vamos ter de saber o que é isto de dizer adeus.

2 comentários:

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