É verdadeiramente a primeira vez, desde que nos tornámos pais, que nos vemos sozinhos 1 semana inteira.
Fiquei, como sempre gostei que ficassem por mim, até o autocarro arrancar, para lhes acenar até os perder de vista.
Chegámos a uma casa vazia e silenciosa e a primeira coisa que o pai se lembrou de fazer foi limpar. Limpou a casa de banho, aspirou, limpou o pó. Eu estava cansada só de olhar...ajudei um bocadinho, mas o que me apetecia mesmo era usufruir daquele sossego, que tinha tanto de estranho como de reparador.
Almoçámos tranquilamente, sem frases que se atropelam umas às outras, sem nódoas de gordura na roupa, sem pedidos e queixas, sem birras nem arrufos de irmãos.
Eu, as minhas sardinhas e os meus pensamentos. Conseguia mesmo ouvir-me pensar...
Voltámos a casa. Ninguém para mandar lavar os dentes. Nada de ordens gritadas e repreensões acesas. Sofá, televisão, quase deu para passar pelas brasas.
Fomos à praia. Sem miúdos para vigiar na água. Sem miúdos a pedinchar água e bolachas. Sem miúdos a encher a minha toalha de areia.
Voltámos ao carro e não precisei de dizer a ninguém para apertar o cinto pela centésima vez. Nos bancos de trás, um assento que, de repente, parece enorme, porque já não tem os bancos deles a ocupar espaço.
Fiz bruschettas para o jantar. Tomámos banho, sem pressas. Não havia ninguém a esbanjar água para além da conta em banhos demorados em que se perde 10 minutos só para lavar o dedo grande do pé, não havia cabelos com cheiro a pêssego para pentear, nem aparelhos dentários para escovar.
Parecíamos dois miúdos sozinhos em casa pela primeira vez, sem os pais a dar ordens e a controlar os nossos movimentos.
Música boa a ecoar. Nada de desenhos animados na televisão.
Hoje já é o 3º dia sem eles e o silêncio reparador dá lugar às saudades.
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