Das birras...essas que ainda não acabaram

Ultimamente são mais as vezes que não gosta da comida do que aquelas em que esfrega a barriga de contente por ir dar ao dente. Isto ou é falta de pontaria da minha parte ou ela de repente ficou esquisita.

Para chocolates e outros afins está sempre pronta mas a sopa, e os brócolos, e o feijão verde e as couves e...é uma alminha que até o hambúrguer come deslambido, só com ketchup, sem uma folhinha de alface, sem uma rodela de tomate para abrilhantar a existência do coitado. A salada de feijão frade idem, só o feijão e o atum. Nada de salsa, nem de ovo (que nem estrelado marcha), nem de tomate, nem de cebola.

Bom...posto isto, ontem foi dia de fazer um drama shakespereano ao jantar. A sopa era a personificação do mal e ela chorou como se fosse para a forca. Até me lembrei da Mafaldinha e ainda dei umas gargalhadas mentais (nos nano segundos em que consegui conter-me para não lhe dar uma galheta). 

Não serviu de nada porque a garota quando está para ser "aquecida" não há como fugir. Se não é do c* é das calças. Tinha passado o momento da tribulação sem "biolência", portei-me tão bem, quando na hora de deitar, já estava ela de pijama e tudo e tudo, peço-lhe o caderno para espreitar o horário das AECS, porque tinha de preparar a roupa para o dia seguinte e eis que dou com os olhinhos num ficha por fazer. Um tpc pelo qual lhe perguntei mal cheguei a casa e ela garantiu-me que a professora não tinha mandado nada.

- mas eu não sabia!!!!

- e o que é devias ter feito, se não sabias?? 

- devia ter ido ver...

- pois. Agora, como já é tarde, vou escrever aqui um recado à professora a dizer "a Diana mentiu e disse que não tinha trabalhos de casa, por isso peço desculpa mas hoje vão por fazer".

Suplicou, e depois de já ter levado umas sacudidelas com o caderno, ao estilo dos gatos que fazem xixi fora do sítio e depois levam com o jornal, lá lhe dei tréguas, "só desta vez!" e ela lá foi fazer a ficha.

Já não é a primeira vez que conta estas mentirinhas "inocentes". Espero que seja só uma fase. 

E estas coisas sucedem depois de um dia de trabalho, depois de ter arrumado a cozinha e de ter andado às oito e meia da noite a vasculhar as escadas da rua lá no bairro à procura da folha de plátano perfeita para o rapaz embelezar a sua composição do Outono (os vizinhos devem pensar que sou maluquinha) pejada de erros ortográficos que eu tive que corrigir. Ser mãe é isto. Um trabalho de todos os dias, sem receitas infalíveis ou poções mágicas. Sem certezas de que no fim vai valer tudo a pena. Só esperanças. Só isso.