Março está a terminar

29 de março de 2012

Este em que as memórias do meu avô são repetidas. Não passa aniversário nenhum em que naquele dia não o recorde. A saudade não deixa que este dia passe em branco. Não que ele não faça parte de todos os outros dias, em que subo a rua para chegar a casa ou quando estendo a roupa naqueles ferros que ele enterrou no chão ou em que assamos peixe na brasa na bancada das traseiras, como ele fazia ou sempre que utilizamos algum prego da caixa onde eles ainda estão organizados como ele os deixou. Mas este mês é especial. Havia sempre uma guloseima para o meu avô no seu aniversário [que era tão guloso]. E lembro assim a sua barba de 2 dias, as suas boinas, o pano da cozinha ao ombro, enquanto preparava o almoço, o seu olho meio fechado, a sua paciência para nós, o amor que tinha à minha avó e o seu fabuloso sentido de humor...ah...e adorava olhá-lo a comer. Era assim uma coisa. O peixe era meticulosamente desmembrado, lasca por lasca e ficavam só as espinhas, nuas. As batatas eram molhadas em azeite, tudo com tal preceito. Era um fascínio para uma miúda vegetariana de 5 anos. Ele sorria perante a minha curiosidade. Tenho saudades desse sorriso. Muitas...

6 comentários:

  1. Gosto tanto de ler as tuas palavras :)

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  2. Escreves sempre tão bem Raquel, o que sentes, sem artifícios nenhuns. Um grande beijinho!

    tenho muitas saudades do meu avô guloso também :)

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  3. És fantástica a dsecrever as coisas simples da vida...

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Obrigada pela vossa visita!

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