Deles

28 de novembro de 2010

Ele sempre foi e continua a ser uma criança excepcionalmente sensível às dores e dificuldades dos outros. 
Não me pode ver chorar. Lança-me logo um olhar preocupado e hoje, num dia de despedidas particularmente difíceis, apressou-se a limpá-las, como que dizendo que ia passar. Adora mexer no meu cabelo, pega numa mexa e enrola-a ,quase até fazer doer. Mas eu gosto. Eu, que detesto que me mexam no cabelo. Está mais reguila e respondão, o meu filho doce. Mas está a crescer. Faz parte do processo...e eu contrario sempre, a saga cansativa de os desviar para o caminho certo, sempre que começam a resvalar por onde não interessa. É o papel que mais me cansa nisto de educar. Repreender, dizer que não, exaustivamente, quase até sentir a minha cabeça explodir. 
O auge das implicâncias foi atingido (digo eu, optimísticamente). O meu filho doce não o consegue ser para a única pessoa que me dava imenso jeito que fosse, a irmã. Já ela, tinhosa e irrequieta, respondona e casmurra, estica a minha paciência até me enlouquecer. No entanto, hoje, ao vê-lo adormecido no sofá, por knock-out, depois de se aguentar de olhos abertos até ao fim do clássico, não hesitou em dar-lhe um beijo repenicado, que ele, inerte, não pôde enxotar, como é seu costume.
Tem de meiguice quase o mesmo que tem de teimosia. De candura quase o mesmo que tem de obstinação. Um perfeito equilíbrio entre bom e mau, ou não fosse ela uma balança.

4 comentários:

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