A propósito

21 de outubro de 2005


disto, aqui deixo também o meu relato.

No dia 29 de Novembro fui ver "Os Incríveis" ao cinema. Como estava sempre com vontade de ir à casa de banho fui antes da sessão começar, e para minha surpresa tinha sangue escuro nas cuecas. Tinha perdido o rolhão mucoso. O meu marido ficou logo meio apreensivo mas eu disse que ia ver o filme na mesma, uma coisa não tinha obrigatoriamente de preceder a outra.
Foi no dia 1 de Dezembro de madrugada que comecei a sentir contracções sem dor.
Muito descansadinha, apanhei o autocarro até ao hospital e fui marcar o CTG de rotina que costuma ser feito às 40 semanas quando o bebé não nasce antes.
Eu fazia as 40 semanas no dia 3 e foi para esse dia de manhã que ficou marcado.
Expliquei à médica que já vinha sentindo umas contracções espaçadas por 20 minutos e às vezes menos mas que não eram regulares nem dolorosas.
Ela desdramatizou e disse que no máximo o que podia acontecer era eu não aparecer para o CTG.
Fui-me embora.
As contracções mantiveram-se dia fora...eu sempre na maior.
Dia 2 de Dezembro as contracções continuaram sempre sem dor, dormi mal pois sentia algum desconforto e perguntava-me se estaria na hora.
As memórias das aulas de preparação para o parto ajudaram-me a controlar a ansiedade.
Nesse dia passei a tarde na casa da minha cunhada para o caso de haver desenvolvimentos e ela poder levar-me para o hospital, uma vez que o meu marido estava a trabalhar.
Nada. Contracções de 15 em 15 minutos durante a tarde, depois de 20 em vinte minutos, por vezes de 30 em trinta mas agora já sentia umas moínhas.
O meu marido chegou, jantámos, e eu propus ir para o Forum andar.
Andei desde as 21:00 até às 23:30.
Voltámos para casa e cronometrei as contracções. Estavam de 7 em 7 minutos e assim estiveram durante uma hora seguida.
As dores eram bastante suportáveis...e eu dizia que se aquilo eram as dores eu ia ter o puto com uma perna às costas.
Decidida a não prolongar muito mais a estadia do puto na minha barriga, fomos para o hospital eram 00:30.
Fizeram-me o toque e um CTG.
Contracções sim mas dilatação não.
Andar! Foi a ordem...até às 3 da manhã. Depois que voltasse.
Foi o que fizémos...andei à chuva, depois dentro do hospital.
O marido coitado já desesperava de andar às voltas.
Às 3 da manhã regressamos. Novo CTG e novo toque.
Desta vez mandaram-me pôr a roupa num saquinho e esperar.
Com a bata verde maravilhosa e de botas igualmente verdes calçadas, esperei.
Uma médica veio ver-me e disse que ia dar uma ajudinha.
Ó minhas amigas...até levantei o rabiosque da marquesa.
Fui à casa de banho e era só sangue (perdoem-me as mais sensíveis!), limpei-me e mandaram-me andar mais.
Fui andar para o corredor, lá estava o meu marido.
As contracções vinham mas agora bastante dolorosas, a apanhar os rins.
Por volta das 4 da manhã dei entrada no bloco de partos com 4 dedos de dilatação.
Levei a epidural. Diziam-me que aquilo estava para demorar e eu cheia de dores acedi.
O alívio foi gradual. Levaram-me para a box onde teria o meu bebé e chamaram o meu marido.
Após 2 reforços da anestesia e um jacto de vómito e um soro mal colocado (que me deixou a mão inchada e dorida até uma semana depois do parto), vários toques por vários médicos e muitas chamadas por uma arrastadeira...
Por volta das 10 da manhã senti que o efeito da anestesia estava a passar mais uma vez.
As contracções vinham com dor e eu senti uma enorme vontade de fazer cocó.
Disse ao meu marido para chamar alguém mas ignoraram dizendo que aquilo estava atrasado.
Eu estive assim quase uma hora, e às 11 implorei ao meu marido que chamasse alguém de novo.
A vontade de fazer força era incontrolável e as contrações vinham quase seguidas.
Vieram fazer-me o toque, dilatação completa, preparam os utensílios à velocidade da luz.
Eu disse que o efeito da anestesia já não era total mas disseram-me que nesta fase já não davam reforço.
Estava na hora!
Fiz força mas parteira magoava-me ao ajudar quando eu não tinha dores.
Veio um enfermeiro que fez esse reparo à parteira e a partir daí correu melhor.
Tive uma ligeira quebra de tensão (via tudo enevoado e as vozes muito longe) mas continuava a fazer força.
Senti um corte.
Às 11:31 o meu filho nasceu.
O meu marido cortou o cordão umbilical, e eles puseram-mo no peito.
Foi a melhor sensação do Mundo depois de o ter sentido a passar por dentro de mim.
Aqueles olhos muito grandes e abertos, a primeira vez que o vi.
Quase 11 meses depois já não me importava de ter outro.
As dores esquecem-se, atenuam-se as memórias menos boas, tenho uma recordação pacífica daqueles momentos e repetia-os outra vez.

8 comentários:

  1. E é bom recordar... pelo menos, quando corre dentro da normalidade. (Ainda ontem falámos sobre estes momentos mágicos...)

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  2. tb sofri imenso tenho um post de titulo 7 meses ( arquivo de agosto) onde relato o meu parto.
    tb ja esqueci e pronta para mais um.

    jinhos

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  3. http://goncaloamaralrodrigues.blogspot.com/2005_08_01_goncaloamaralrodrigues_archive.html


    fica aqui o meu testemunho.
    nao tens ligado o msn?

    jocas

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  4. Estamos sempre prontas para mais...

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  5. Adorei, e recordei também o meu momento, e é incrivel como as dores se esqueçem...

    Bjs

    paula (e henrique)

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  6. Q giro a minha história é muito idêntica à tua!!! Tb tiveste no Garcia da orta?? Beijocas

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  7. Não sei que dizer pois acabei de ler o teu relato com lágrima no olho, de tão lindo que é.
    Jocas
    Sofia

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  8. Não sei o que é mais lindo, se o relato, se a foto!...

    :))))

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