Ou melhor, na verdade, não sou. Mas é isto que sinto, grande parte dos dias.
Penso em tanta gente que arrisca, que muda, de vida, de lugar, de trabalho, de rotinas, de hábitos, de filosofia.
Para melhor, senhores, para melhor...para pior, já bem basta o que está.
Amo o meu marido e os meus filhos, amo a minha família, com todos os seus defeitos e mais alguns.
Tenho um trabalho que gosto, também é verdade.
Tenho uma casa, um carro, roupas, sapatos, pequenos luxos como televisão, internet e telefone ou um relógio. Tantas bênçãos que Deus me dá...
Contudo sinto-me submersa nesta falta de tempo para o essencial.
Esmagada pela sensação de prisão que me parece esta coisa de andar de um lado para o outro, sem ter tempo para cheirar as flores, beijar os filhos sem pressas ou ler um livro sem que as costas se condoam de cansaço ou os olhos se fechem por estarem abertos há demasiada horas.
Sou, por tudo isto, uma árvore centenária, frondosa, com os seus ninhos carregados de vida, com raízes profundas a uma terra que já não quer como sua...porque queria ter asas e coragem para voar...