Há muito tempo que não acontecia. Ao jantar, basicamente, não me consigo sentar.
Ou é um que quer água, ou já acabou e quer repetir, depois é ela que já não quer mais e quer iogurte. Depois afinal quer voltar outra vez ao prato de comida...enfim...eu vou engolindo a comida aos bochechos.
Deito os restos no lixo e empilho a loiça na bacia, a preguiça impede-me de a pôr logo na máquina. Passo o pano nos babetes de plástico (há muito que o meu sentido prático acabou com os babetes de tecido cá em casa) e deixo-os pendurados nas cadeiras a secar.
Entretanto já começaram a virar a sala do avesso.
Quando, 1 hora e meia depois, o caos está verdadeiramente instalado, agrupo a malta e toca de ir dar banhos. À sexta feira é uma coisa mais requintada. É dia de vistoria às unhas. Depois de uma sessão de berros dela, enquanto lhe aparo as gânfias, penso que o Gabriel ao menos me vai dar descanso. Tinha toda a razão, o que eu não contava é que ela, ainda com lágrimas do choro recente nas bochechas, se pusesse de novo num pranto, por achar que eu estou a violentar o irmão com a tesoura.
Dou banho à cachopa, visto-a e tal. Tranquilo.
Deito-a. Ainda estou nos beijinhos de despedida, quando o Gabriel irrompe no quarto aterrorizado a dizer que rasgou o dedo.
Só percebo a dimensão da coisa quando vejo que tem a minha gillette na mão.
Só me saem é duques!! Estúpida como sou, só me ocorre dizer-lhe que é muito bem feita, porque já estou farta de lhe dizer que não se mexe nas coisas dos adultos.
Limpo-lhe os golpes e ponho-lhe um penso, sempre com o berreiro dele de fundo.
Depois não quer tomar banho de penso. Só comigo!!
Mais choradeira.
Depois de seco e mais calmo lá consigo proferir algumas palavras sensatas e dou-lhe colo.
Expliquei-lhe que daqui a alguns dias o dói-dói vai melhorar e ele ficou muito mais descansado.