Por vezes, naqueles instantes em que a vida me deixa parar para reflectir, dou por mim a desesperar com a utilidade que dou aos dias. Na verdade ninguém sabe quando será o nosso último...e ponho-me a pensar - que raio fiz eu nos dias que Deus me deu este ano?
Os miúdos andam sempre num virote à nossa frente, à frente das nossas horas e dos nossos minutos contados. Despacha-te, que está na hora de ires para a escola, despacha-te, que tens os trabalhos de casa para fazer, despacha-te que tens de ir tomar banho, despacha-te que estás a demorar muito, despacha-te e vai dormir, despacha-te...
Antes de os deitar, a roupa fica preparada, em cima da cama, para o dia seguinte. Tenho de ver se chove ou se faz sol, se está frio ou nevoeiro...porque no dia a seguir não estou lá, não tenho direito a ajustes de última hora. À hora que o pai os acorda já eu estou a chegar ao outro lado do rio. Não tive direito a bons dias, fiz tudo quase às escuras, com o mínimo de barulho possível, saí sem aqueles braços à volta da cintura e sem aquelas bochechas terem tocado nas minhas.
Ao fim do dia, chego com os minutos contados para fazer o jantar, porque afinal, as crianças não podem comer às tantas e ainda há os banhos para dar e a história para ler (que tantas vezes fica para trás, porque eles não conseguiram fazer tudo à velocidade que programámos e acaba por ser vestir o pijama e cama). E depois aquele egoismozinho de querer estar no computador, ver um filme ou outra porcaria qualquer e os poucos minutos que tinha para estar com aquelas criaturas vão-se e no dia a seguir é tudo igual e chego ao fim da semana, igual às outras todas, sem o senso de que espremi todo e qualquer instante para os cheirar, abraçar, beijar...(e não estou a dizer que não o faço, mas não chega)
Atropelam-se nas palavras para nos contar as coisas e nós sempre, despacha-te, vai lavar os dentes, agora não dá, faz o que te estou a dizer, não ouviste?
Que raio!
Muda! Reinventa! Substitui! Acrescenta! Adapta! Pára! Acorda! Reage! Muda!
Olha Raquel..é quase assim lá por casa...o despachem-se...os atropelos porque todos querem falar ao mesmo tempo e nós numa gestão louca do tempo para dar para tudo...e eu vejo-me como hoje a acordar às 5.45H da manhã para passar a ferro e adiantar coisas... mas sempre agradecendo! :)
ResponderEliminarÉ sempre assim, o tempo escorre-nos pelos dedos e quando olhamos para trás, para os dias que passam, e pensamos no que não fizémos e queriamos ter feito sem saber qual será o último!
ResponderEliminarSabes Raquel, ao ler esta tua mensagem dei por mim a refletir na minha vida... antes de vir para a Argentina há uns meses atrás era um pouco como tu descreves-te, entre trabalho e filha (este mês 2 anos) e sentia que o tempo me escapava pelas mãos, que muitas vezes quando a ia buscar aos avós às 22h e tal só me apetecia estar agarrada a ela, mas o cansaço e o facto de no dia seguinte ter de ir para o colégio de novo, o impedia... sentia que andava sempre a correr! Hoje, estou 24h sobre 24h com ela em casa... e mesmo assim dou por mim a correr contra o tempo, como hoje disse no meu blog "procuro urgentemente um esticador de tempo!", corro porque há horários na mesma para comer, dormir, ir ao parque e se uma coisa se atrasa parece que tudo fica um caos, porque se estás em casa parece que não tens "direito" a desculpas para não fazer, e como o raio de uma casa tem tanta coisa para se fazer!!!! :( E tal como tu disses-te há também o tal "agoismozinho", mas que parece que fica sem "direito"...e a verdade é que chego ao fim do dia muitas vezes com a sensação que vivi um dia igual ao de ontem... e a mesma pergunta fica na nossa cabeça... será que aproveitei bem o dia? Acho que a luta contra o tempo é umas das piores "doenças" do tempos de hoje... estamos sempre com pressa com trabalho ou "simplesmente" em casa... e eu pensava que não era assim!...ando à procura da solução de não sermos tão exigentes e aprendermos a viver o momento sem culpas seja ele qual for e com quem for, nem que seja connosco simplesmente...Um beijinho!:)
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