Há dias em que me é particularmente difícil lembrar. Porque me é difícil colocar-me no seu lugar. Porque estou demasiado cansada e saturada para jogos mentais. Porque só o som da minha voz, a repetir as mesmas frases, me fere os ouvidos.
Há dias em que o imenso amor maternal que lhes tenho consegue ser suplantado pela vontade enorme de os deitar na cama só para poder ter silêncio.
A tarefa de educar é repetitiva e aborrecida.
A outra parte da maternidade, a que todas gostamos de contar ao mundo, aquela que nos alimenta as emoções e o amor desmedido, nem sempre é a que vem ao de cima todos os dias. Os maus momentos intercalam-se com os bons e há dias em que os bons são tão poucos que nos apetece desistir. Deixá-los ir na maré das vontades próprias, deixá-los...que se dane se se riem mesmo quando acabámos de os repreender, que se dane se o quarto está de pernas para o ar depois de 3457 avisos para arrumarem o que desarrumam quando terminam de brincar, que se dane se comem a fruta ou se tomam banho, que se dane se andam descalços e se constipam, que se dane se fizeram os trabalhos de casa, que se dane! Afinal, depois do esforço, no máximo ouvimos um lamento meio berrado:
- possas! também nunca nos deixas fazer nada!
- o quê??? chocolates à la carte?? mas é claro!
- playstation até à meia noite?? sem problemas.
A sério...
- o quê??? chocolates à la carte?? mas é claro!
- playstation até à meia noite?? sem problemas.
A sério...
Isto de ter filhos é, no fundo, passar o testemunho do que temos, sabemos, aprendemos de melhor. E nem todos os dias nos apetece estar, ser, dar o nosso melhor. Apesar disso o que é certo e sabido é que, no futuro, receberemos na mesma medida em que demos e esta é uma responsabilidade que temos, de nos elevarmos acima do nosso cansaço. Hoje foi um dia cansativo. É como se andasse sistematicamente a pôr algo nos carris certos e esse algo se desviasse outras tantas vezes. E isto vale o que vale. Um desabafo. Amanhã é outro dia. Mas por via das dúvidas, são mesmo ossos que sustentam este corpinho e é mesmo sangue que corre nestas veias. É que às vezes pode correr-se o risco de achar que somos mesmo uma entidade heróica com super poderes.
Como te compreendo e revejo em todas as palavras. Ser mãe de 2 crianças, ser esposa, ter um trabalho que me leva à exaustão,e chegar a casa e ser um modelo de perfeição, é muitas vezes demais e admito que falho e um sentimento estranho me invade. os dias bons são mais que os maus?... não sei, só sei que quando acontecem valem a pena.
ResponderEliminarbj
Ai amiga, revejo-me nas tuas palavras.
ResponderEliminarOntem, então, foi mesmo dia de "que se dane!", já estava pelos cabelos :(
Beijocas
Como compreendi cada letra que escreves...há dias assim...mas há muitos outros muito melhores!:)
ResponderEliminarBeijinho