Reflexões sem nexo em dias piores

Gozo de uma capacidade que intitulo de preocupação fleumática.

A preocupação vai, até onde vai a possibilidade de algo correr mal ser mais ou menos real.

Trocando por miúdos, só entro em pânico na hora H, muito embora já conte com a desgraça antes do tempo.

Com a idade aprendi a reagir devagarinho antes dos problemas previstos acontecerem.

Estabilidade precisa-se! Porque será que no meu caso é tão difícil??

Deverei dizer...sorte ao amor, azar no mundo laboral???

Se me corre bem a vida familiar será que a provação tem de vir do outro lado??

Bem sei que cada vez mais a realidade é esta, a de saltar de posto de trabalho em posto de trabalho. Mas caramba...dá cabo dos nervos a uma pessoa.

Onde estão aqueles empregos que eram para a vida?? Onde se faziam amigos dentre alguns dos colegas???

Onde se criavam raízes??

Queria tanto um desses para mim.

Suspiros...muitos suspiros...

Penso sobretudo, muitas vezes, que daqui a 5 anos, mais coisa menos coisa, terei dois filhos na escola, com todas as despesas que isso implica. Como é que se pode ficar desempregado nessas condições?

Hoje em dia, viver, é andar na corda bamba.

Todos os dias acimento a certeza de que sem Deus na minha vida, tudo seria mais difícil.

Não fosse sentir a sua mão sobre mim e sobre os meus, e em momentos mais difíceis as coisas tomariam proporções muito maiores.

Embora as desgraças que se lêem por aí sejam absurdas e assustadoras, compreendo que em momentos de desespero quem não tem esperança em mais nada tome medidas impensáveis e grotescas para fugir à realidade em que se encontra.

A sociedade vai de mal a pior. A todos os níveis. A família, que é o seu pilar maior e mais importante, é atingido de forma negativa de inúmeras formas.

Pergunto-me tantas vezes.

- Que Mundo vão encontrar os meus filhos adolescentes? Os meus filhos adultos?

Só espero cá estar para os amparar.

Porque sinto que já não se vive. Sobrevive-se.