Muito se passou depois do dia 9 de Janeiro.
Distanciamento social, quarentena, pandemia. Este é o contexto atual e estas são as palavras mais ouvidas. Uma espécie de distopia em tempo real, em que o mundo foi posto em suspenso, a pensar na vida, de castigo em casa, sob pena de contagiar ou ser contagiado, de morrer ou de causar a morte a alguém. Um castigo que, na ausência de uma vacina para este vírus, é a nossa única proteção.
Parece coisa de filme...
Hoje é o dia 47 de confinamento. Só o Pedro é que sai para fazer as compras. Vai uma vez por semana fazer um avio maior ao supermercado. E vai à mercearia aqui do bairro diariamente buscar pão e/ou frutas e legumes.
Agora recordo o meu ex-normal, como algo que aconteceu há tanto tempo, porque afinal caminho a passos largos para os dois meses de reclusão, ou pelo menos de uma existência muitíssimo limitada.
O andar no comboio da ponte, o trabalhar no escritório com outras pessoas, os almoços e jantares fora. A praia, sempre que apetecia, os treinos no Parque da Paz. Os sábados na igreja e os almoços em família. Tudo isso nos está, agora, vedado.
O Pedro fez 42 anos, o meu cunhado Nuno fez 45, a minha sobrinha Luna fez 14. E estes foram os últimos aniversários a poderem ser celebrados juntos.
Estou em tele-trabalho e os miúdos no ensino à distância. Todo um mundo novo de adaptações e novas rotinas. Houve corrida desenfreada à compra de papel higiénico (?) e depois de fermento e farinha.
Já fiz pão, um sem número de bolos, salame de chocolate, arroz doce, scones, bolachas. You name it! Todos os dias temos como principal objetivo definir o que fazer para o almoço e o jantar. A comida é um tema sempre presente. É muito bom ter o marido a assegurar muitas das tarefas domésticas, já que eu fico grande parte do dia de roda do computador.
Já fui mais assídua nos treinos em casa e a vontade de os realizar também já foi maior.
Basicamente tento viver um dia de cada vez, praticar a gratidão, beber água e apanhar sol, manter a sanidade mental.
Já vou no 4º livro da quarentena, não tenho visto assim tanta televisão como imaginaria e a Primavera está a ceder cada vez mais dias ao sol e ao calor, embora já tenha chovido q.b.
Deixo-vos algumas fotos.
Pré-quarentena:
Pós-quarentena:
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