E foi assim, num abrir e fechar de olhos, que metade do ano se foi.
Esta foi a semana dos meus pais fritarem a pipoca, com a prole de netos lá por casa durante o dia. Como a minha irmã mora mesmo ao lado e o tempo que passam juntas lhes parece sempre curto, as miúdas suplicaram por uma sleepover e lá ficaram, de quarta para quinta, sendo que o mais velho também aproveitou para se colar à iniciativa, dando-nos a oportunidade de termos um fim de dia diferente.
Passeámos pela zona da Graça, fomos ao miradouro Sophia de Mello Breyner olhar Lisboa, parámos no Jardim da Cerca para nos refrescarmos e depois jantámos no restaurante "O Pitéu" (que recomendamos). Fila imensa que saía do restaurante, passava um pequeno hall e chegava à rua, mas valeu a pena (da próxima vez talvez seja sábio marcar mesa com antecedência).
Lisboa é sempre linda. Não cansa. Sobretudo os bairros típicos, de ruas estreitas, escadinhas, janelas com roupa no estendal, varandas floridas e fachadas de azulejo.
Fintar a rotina sabe pela vida.
A Diana está, qual serpente a mudar de pele, com a cara numa desgraça, por conta de um dia de piscina em que não colocou uma grama de creme protetor "porque estava vento, mãe!".
O Gabriel, ontem, estava particularmente sensível e disse-me que eu não podia morrer porque depois não tinha a quem abraçar (enquanto me abraçava). Isto já naquele momento em que eu, deitada na cama, apesar de sensibilizada, já tinha a minha mente a navegar entre o limbo da consciência e da inconsciência, morta de sono. Pior, depois disse: e se eu morrer? A sério, dissertações filosóficas quando metade do meu cérebro já desligou? Tenham misericórdia.
Só fui capaz de balbuciar aquele tão sábio ditado popular que diz que "para morrer basta estar vivo".
Sim, aquela coisa que vemos nos filmes, em que as mães proferem frases inspiradoras para a vida na hora de deitar os filhos na cama nem sempre (quase nunca) acontece na vida real.
Recebi também ameixas da árvore do quintal da minha mãe e cogumelos shiitake, que enviou um amigo do meu marido. Muita gratidão por estas coisas boas que me dão.
Acabei de ler o livro "O luto de Elias Gro". Confesso que demorei a entrar no espírito inicial da história, que é down, negro, cru mesmo. Vinha de um livro com uma toada completamente oposta e foi um choque. Mas depressa ultrapassado, porque a forma de escrever é maravilhosa. E a história cresce em nós, página após página, e faz-nos olhar para dentro. Foi o primeiro livro que li deste autor (João Tordo) e vou seguir para o próximo desta trilogia "O paraíso segundo Lars D.", não sem antes terminar o "One Fine Day" da Mollie Panter-Downes, que tinha deixado em pausa.
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