Lentamente sinto a minha filha a desabrochar. E isto, para uma mãe, é de encher o coração.
Sinto que, com passinhos pequenos, está a conseguir deixar para trás os quatro anos de escola básica que lhe foram tão prejudiciais, quer ao nível psicológico quer ao nível dos seus processos de aprendizagem.
Nunca aqui falei deste assunto mas aos poucos fomos percebendo que a outrora criança curiosa, a que sempre nos habituou, deixou de existir. Zero vontade de aprender, zero concentração, muito medo de participar, de responder, de dizer "não percebi". Cheguei a tentar transferi-la para outra escola no fim do 2º ano. Não consegui.
Já no decorrer do quarto ano, pensámos em muita coisa, dislexia, discalculia (as dificuldades a matemática eram gritantes, mesmo em coisas simples), déficit de atenção, enfim...
Depois de uma única sessão com uma psicóloga educacional, tivémos a certeza de que nenhum destes cenários se punha. O diagnóstico era o que já desconfiávamos: total falta de empatia com a professora e medo, dos gritos, das palavras de humilhação que, muito embora nunca lhe tenham sido dirigidos eram frequentes em relação a outros colegas. Digamos que ela entrou em modo sobrevivência. Vivia em absoluta auto-preservação. Criou muros para se defender do que receava e aprender passou a ser um sacrifício. Um "não sei", "não consigo", "sou burra" permanentes. A auto-estima dela baixou a olhos vistos.
Esta mesma filha, ontem foi eleita delegada de turma. Teve de promover a sua candidatura (assim como todos os outros colegas) com um pequeno texto, defendendo as vantagens de a escolherem. Empatou com outro menino à 1ª volta e foi escolhida à segunda volta, no desempate, por larga maioria.
Estava toda orgulhosa e todos os dias me diz: eu participo muito, mãe. E faço perguntas, e digo que não percebo. E eu sorrio e digo-lhe: é isso mesmo filha. Não tenhas medo! É para isso que a escola existe. É para isso que os professores estão lá.
Orei muito por este assunto antes do ano letivo começar. Pedi a Deus uma equipa de professores capaz de a motivar, capaz de a fazer sentir que não se pode ter medo de fazer perguntas.
Acredito que esta atitude diferente que ela tem manifestado é a resposta às minhas orações e que o mal feito no passado pode ser ainda minimizado. Também acredito que haverá outros professores que, no futuro, não corresponderão ao ideal, mas tenho fé de que ela se vai fortalecer e aprender a erguer-se e a remar contra a maré, sempre que for necessário. Estaremos cá para ajudar...
:) Como te entendo.
ResponderEliminarBeijinho Raquel.
Que feliz que fico com essas noticias!!!
ResponderEliminarVai Diana, tu consegues!
Beijinhos <3