15 de julho de 2016

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Com a quase culpa de termos aberto os olhos para mais um dia. 
Vamos trabalhar. Temos os nossos queridos serenos e ao pé de nós. Tudo na paz. 
O quase sentimento de que termos direito a isso, quando tantos outros, numa fração de segundos deixaram de ter, é uma filha duma mãe duma injustiça. 
Tudo se reveste de futilidade. O belo prato de frutas que se comeu ao jantar e que se postou no Instagram. O filme que gostámos tanto e que partilhámos no Facebook. 


"Lembra-te do teu Criador, enquanto fores jovem, 
enquanto não vierem os tempos difíceis 
e os anos em que vais dizer: «Não sinto gosto em viver.» 
Lembra-te dele enquanto não escurecer o Sol, a luz do dia, 
a Lua e as estrelas e enquanto não voltarem as nuvens, 
que hão-de vir depois das chuvas. 
(...)
Fecham-se as portas que dão para a rua, 
apaga-se o ruído das mós e, embora as aves cantem, 
já não se ouve o seu cantar.
A altura começa a causar vertigens e os caminhos ficam cheios de perigos, 
enquanto a amendoeira começa a florir, 
o gafanhoto a engordar e a alcaparra a dar fruto. 
Mas o homem vai para a sua morada eterna. 
Os que acompanham o seu funeral já se juntaram na rua. 
Lembra-te do teu Criador, antes que se quebre o fio de prata, 
se despedace a taça de ouro, antes que o cântaro se quebre na fonte 
ou que a roda do engenho caia dentro do poço. 
Então o que é pó volta para a terra donde veio. 
E o sopro da vida volta para Deus, que a tinha dado. 
Eu, o sábio Qohelet, repito: «Tudo é ilusão, pura ilusão!»
(...) 
É tempo de concluir; já tudo foi dito. 
Respeita a Deus e guarda os seus preceitos. 
Isto é tudo para o homem. 
De facto Deus pedirá contas de todas as acções, 
mesmo quando feitas às ocultas, sejam boas, sejam más."

Eclesiastes 12

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