Honestidade em extinção

Anteontem o nosso ferro de engomar resolveu falecer. 

Ontem, com real sacrifício [sim, são só uns poucos euros, mas nesta fase, todos estão contados e este é um mês longo] fomos comprar um novo.

Lá se escolheu o dito, pagámos e depois os rapazes foram ao hipermercado e nós, as miúdas, fomos a uma outra loja.

Quem ficou com a incumbência de carregar o saco do ferro foi o Gabriel.

O que é certo é que no meio da azáfama, ele poisou o saco e nunca mais se lembrou dele. :(

Como não fomos directos para casa, só demos por falta do saco com o ferro umas duas horas depois, ao descarregar as compras.

Só me apeteceu chorar...

O pai ainda lá voltou, mas nada. Alguém levou o nosso ferro novo, sem problemas de consciência, sem pensar que alguém gastou o dinheiro que não tinha numa coisa que lhe fazia muita falta.

Descarreguei a minha mágoa e raiva no Gabriel, que ouviu um sermão exaltado, mas continuei a sentir-me péssima, porque também eu tenho falhas...mas naquele momento foi mais forte que eu.

Será que hoje em dia os Perdidos e Achados ainda encontram sentido para a sua existência? A pensar na total ausência de honestidade das pessoas, tenho sérias dúvidas.

Vale tudo...lá diz o ditado que "achado não é roubado", mas nunca discordei tanto da sabedoria popular como hoje.

Tento acalmar o pesar que me causa a falta do ferro e do dinheiro na carteira, pensando que talvez quem o levou precisa mais do que nós e que aquilo talvez tenha sido uma bênção caída do céu para essa pessoa.

Mas custa...